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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta sexta-feira (11) que a alta de 0,12% no IPCA de julho ficou um pouco acima do que o mercado esperava, mas considerou que a inflação está voltando para a meta.
A alta se contrapôs à deflação de 0,08% em junho, uma vez que a reoneração de combustíveis compensou a queda nos custos de alimentos e habitação.
“A inflação em 12 meses é um pouco poluída porque tivemos a desoneração no segundo semestre de 2022, que jogou a inflação muito para baixo. Sempre uso para comparar que a nossa inflação de seis meses está igual a de um ano”, afirmou, em palestra no Fórum de Gestão Empresarial da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap), em Curitiba.
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Campos Neto reforçou que os números refletem um cenário de estabilidade, ao manter as expectativas de inflação “mais ou menos” dentro do esperado até 2025.
“Há sempre um debate se o país deveria elevar mais os juros e sacrificar mais a economia e ter um pequeno ganho na inflação, ou se deveria olhar um horizonte mais longo. Olhar horizonte mais longo de convergência sempre tem o risco de perder credibilidade. E o custo de retomar essa credibilidade é muito alto”, pontuou o presidente do BC.
Roberto Campos Neto também voltou a dizer que alguns países como o Brasil estão conseguindo fazer um “pouso mais suave” no combate à inflação, sem “danificar tanto” suas economias.
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“A Europa tem tido dificuldade com a desinflação e o caso da Inglaterra salta aos olhos. Eles [ainda] estão no processo de subida dos juros, talvez devessem ter começado antes ou feito mais rápido”, avaliou, na palestra.
Campos Neto destacou que a inflação nos Estados Unidos só começou a cair mais recentemente, e repetiu que Brasil e Chile lideram a convergência mais rápida do processo inflacionário na América Latina. “Mas o custo de aperto monetário no Chile foi maior do que no Brasil, em termos de crédito e emprego”, completou.
Durante a palestra, o presidente do Banco Central reforçou que a inflação de serviços mostrou melhora em julho, mas que a autoridade monetária ainda olha “com bastante atenção” esses números. Segundo ele, a alta no núcleo de serviços ainda está bem acima da meta.
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“A gente vê principalmente a questão de mão de obra, tem sido difícil contratar em alguns setores, e em outros casos há mão de obra sobrando. A parte de núcleos de serviços está bem acima da meta, mas o número de hoje nessa parte foi um pouquinho melhor”, completou Campos Neto.
Flexibilização da Selic
Após o corte de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros, – o primeiro em três anos – Campos Neto comentou nessa sexta-feira que, no mercado futuro, os juros já estão sendo precificados em 9,50%.
O presidente do BC ressaltou a importância de se realizar um ciclo de flexibilização da Selic com credibilidade. “As condições financeiras começam a melhorar mesmo antes do BC concretizar esse processo de queda de juros. Isso possibilita um processo de queda de juros com maior credibilidade e estabilidade”, afirmou durante a palestra.
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A redução da Selic para para 13,25% ao ano surpreendeu uma parte do mercado, que apostava majoritariamente em uma queda mais “parcimoniosa”, de 0,25 ponto. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sinalizou ainda a manutenção desse ritmo de cortes nas próximas reuniões.
Roberto Campos Neto repetiu a avaliação de que há hoje uma “desancoragem gêmea” na inflação e no fiscal.
“Há uma diferença grande entre metas fiscais do governo e o que mercado acredita. Se o mercado acreditasse que o que será feito de fiscal é exatamente o que o governo promete, a gente teria uma curva de juros lá na frente mais baixa, propiciando uma queda maior e mais duradoura de juros. Essa harmonização de política monetária e fiscal também depende de expectativas”, afirmou, na palestra.
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Mais uma vez, o presidente do BC destacou a importância da aprovação de medidas no Congresso para melhorar a arrecadação e possibilitar o cumprimento das metas fiscais.
Campos Neto também renovou o destaque para a necessidade de medidas de cortes de gastos. “A fala do [presidente da Câmara] Arthur Lira sobre revisitar a reforma administrativa é muito importante em um País que gasta muito e tem muitas despesas indexadas”, acrescentou.
O presidente do BC também reforçou a importância de seguir com as reformas para aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) potencial do Brasil. “Creio que crescimento estrutural é até mais alto que projeção de analistas do mercado”, acrescentou.
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Campos Neto relembrou a série de revisões para cima nos últimos meses para o crescimento do PIB brasileiro neste ano. Ele repetiu a avaliação de que o BC conseguiu superar o aperto monetário com um “pouso suave”.
“Um pedaço grande de surpresa no PIB é devido ao agro, que deve acomodar ao longo do tempo”, reiterou o presidente do BC. “O Brasil é que teve maior revisão para cima de PIB em estudo recente do FMI, mostrando essa ideia de ‘pouso suave’ que temos falado”, completou.