Em plena estiagem, com as lavouras prejudicadas e sem trabalho no campo, um grupo de nove produtoras rurais de São Roque do Canaã, no Noroeste do Espírito Santo, decidiu há alguns anos criar uma agroindústria para obter renda e ajudar no sustento de suas famílias.
Atualmente, as goiabadas cremosa e cascão e os biscoitos caseiros produzidos pelas “Mulheres do Canaã” são vendidos para várias cidades do estado.
Joyce Aparecida Zanetti contou como a ideia de criar a associação surgiu entre 2014 e 2015. A seca registrada na época foi considerada a pior dos últimos 40 anos.
“A dificuldade que foi a seca em 2014 e 2015 em que a gente sofria com a falta de água, as mulheres se uniram pra formar um grupo e trabalhar., não tirar só da agricultura. São agricultoras que iam para o campo ajudar o marido na lavoura. Com a dificuldade, o que a gente ia fazer lá? Pensamos: não, vamos nos unir e montar uma agroindústria pra comercializar a massa e ao mesmo tempo aproveitar o que tinha no sítio”, contou.
Por mês, são produzidas cerca de 1.200 barras de goiabada, uma média de 300 por semana, além de dois tipos de biscoitos e quatro sabores de palitinhos.
Ainda de acordo com Joyce, o horário e a rotina de trabalho das associadas são adaptados de acordo com a necessidade de cada uma.
“Sete mulheres trabalham na produção diretamente e as outras duas vem conforme a necessidade de pedidos. A gente intercala porque algumas tem filho. Tem aquelas que ficam o dia todo, outras segunda e terça e quarta e quinta. A gente fez uma escala conforme a demanda dos clientes, mas que também não prejudicasse as mulheres”, disse Joyce.
O trabalho na agroindústria não contribui apenas com a renda das mulheres, mas também ajudou a produtora rural Maria Aparecida Sperandio a vencer a depressão.
“Estava passando por uma depressão. Não tinha amizade com ninguém. Às vezes pensava em não vir e pensava: tenho que apoiar elas e me ajudar também”, contou.
Carol Gasparini, caçula do grupo, faz de tudo um pouco e cuida também da imagem da agroindústria na internet.
“Desde pequena, meus avós me ensinaram muita coisa. Aprendi bastante coisa com as meninas também e faço de tudo um pouco, até a rede social”, disse Carol.
Por enquanto as mulheres trabalham em um espaço cedido, mas já planejam mudar para um espaço maior ou ampliar o local de trabalho para aumentar ainda mais a produção, principalmente com a chegada dos novos equipamentos adquiridos com recursos do governo estadual.