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Um dos focos do Plano Safra da Agricultura Familiar de 2023/24 é a redução de taxas no crédito para a produção de vários alimentos, entre eles arroz, feijão, mandioca, ovos e trigo.
O plano, que volta a ser específico para o setor após quatro anos de interrupção, destinará R$ 71,6 bilhões de crédito para a agricultura familiar. Somado a outros programas de apoio ao setor, o volume chega a R$ 77,7 bilhões.
As melhores condições de financiamento para os que produzem alimentos básicos, que terão taxa de 4% ao ano, poderá elevar a produção e é uma saída para as pequenas propriedades. O país tem-se voltado muito para produtos exportáveis e mais rentáveis, como a soja.
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Os alimentos básicos, no entanto, não estão isentos de várias influências, que vão da competitividade dos preços internacionais às mudanças de hábitos.
Os números dos alimentos básicos no país indicam realmente a necessidade de uma recomposição da produção desses produtos. Neste ano, a produção de arroz caiu para o menor patamar em 25 anos, ficando próxima de 10 milhões de toneladas.
A área destinada a esse cereal recuou para 1,47 milhão de hectares, bem distante dos 3,25 milhões de há 25 anos. O aumento da produtividade, que subiu para 6.796 kg por hectares –2.605 kg na safra 1997/98– ajudou a abastecer o mercado.
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Os produtos básicos têm pesado no bolso do consumidor, e a menor oferta influencia no valor do produto. Este não é o único motivo, no entanto. O país não é um mercado isolado, e os preços externos, quando competitivos, forçam a saída dos produtos básicos. É o caso do arroz, cujas exportações têm aumentado muito.
Por pressão da menor oferta ou por aumento das exportações, a alta dos produtos chega à inflação e ao bolso do consumidor.
Se o governo realmente der condições de produção aos pequenos produtores, a oferta de alimentos poderá aumentar, mas os preços de boa parte deles não vão ficar muito distantes dos do mercado externo.
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Da parte do agricultor familiar, no entanto, preços básicos mais remuneradores garantem renda e estabilidade. A conta termina no supermercado e no bolso do consumidor.
A mandioca, outro alimento que deverá ser incentivado pelo novo plano do governo, está, atualmente, com a menor área de produção, somando 1,24 milhão de hectares. Há duas décadas eram 2 milhões.
Com isso, a produção, que era de 27 milhões de toneladas, caiu para 18 milhões. Boa parte da área da mandioca foi ocupada pela soja, e os preços dispararam recentemente. Além da menor oferta, o Brasil começa a descobrir o mercado externo.
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O feijão tem a menor área de plantio desde que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) começou a acompanhar a evolução do produto, na década de 1970. O volume de produção cai e está em 3 milhões de toneladas, mas é garantido, em boa parte, pelo aumento de produtividade.
A queda na área de produção e na oferta de alimentos básicos tem, ainda, o componente da mudança de hábito dos consumidores, o que pesa na decisão do produtor na hora do plantio.
Alguns produtos, porém, têm direção contrária. É o caso do ovo, que também terá taxa menor no crédito para incentivo de produção. Em 2022, a produção brasileira atingiu 52,1 bilhões de unidades, bem acima dos 31,8 bilhões de há dez anos. O consumo nesse período, no entanto, subiu de 161 unidades para 241 per capita, segundo dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).