O déficit nas contas externas e o ingresso de investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira recuaram no primeiro semestre deste ano, informou o Banco Central nesta quarta-feira (26).
De acordo com a instituição, as contas externas registraram um rombo de US$ 13,8 bilhões de janeiro a junho, em comparação com um resultado negativo de US$ 20,83 bilhões no mesmo período do ano passado.
O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
Somente em junho, as contas externas apresentaram déficit de US$ 843 milhões, contra um resultado positivo de US$ 266 milhões no mesmo mês de 2022.
De acordo com o BC, a queda no saldo negativo das contas externas, na parcial deste ano, está relacionada principalmente com a melhora da balança comercial no período.
- O Banco Central projeta um rombo de US$ 45 bilhões nas contas externas neste ano.
Investimentos estrangeiros
Ao mesmo tempo, segundo o BC, os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira também registraram queda nos primeiros seis meses deste ano, para US$ 31,57 bilhões. No mesmo período do ano passado, somaram US$ 43,06 bilhões.
Somente em junho, ainda de acordo com a instituição, os investimentos diretos no país totalizaram US$ 1,88 bilhão, contra US$ 5,22 bilhões no mesmo mês de 2022.
A entrada de investimentos no país geralmente está relacionada com o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) — que vem registrando desaceleração por conta da alta dos juros básicos da economia. Atualmente, para conter pressões inflacionárias, a taxa está em 13,75% ao ano, o maior nível em mais de seis anos.
- O Banco Central estima uma entrada de US$ 75 bilhões em investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira neste ano.
- O mercado financeiro, em pesquisa conduzida pelo BC na semana passada com mais de 100 instituições, estima um ingresso de US$ 80 bilhões em investimentos diretos em 2023.
Gastos de brasileiros no exterior
Já os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 1,41 bilhão em junho deste ano, com alta frente ao mesmo mês do ano passado – quando totalizaram US$ 1,19 bilhão.
Trata-se, também, do maior valor de despesas no exterior, para meses de junho, desde 2019, ou seja, antes da pandemia da Covid-19, quando somou US$ 1,52 bilhão.
Nos seis primeiros meses deste ano, as despesas no exterior somaram US$ 7,08 bilhões, contra US$ 5,98 bilhões no mesmo período de 2022.
As despesas de brasileiros fora do país são influenciadas por fatores como o nível de atividade econômica e o preço do dólar, usado nas transações internacionais.
Em 2022, a moeda norte-americana fechou em queda de 5,3%, cotada a R$ 5,28. Apesar disso, ainda permaneceu bem acima do patamar de 2019 terminou aquele ano em R$ 4,01. Nesta terça-feira (25), o dólar fechou em R$ 4,74 (veja mais cotações).
Já o nível de atividade está em desaceleração com a alta do juro básico da economia. Após uma alta de 5% em 2021, o PIB brasileiro teve crescimento de 2,9% no ano passado. E, para 2023, a projeção do mercado é de uma expansão menor ainda, de 2,24%.