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O Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira (7) proposta de acordo da Nestlé para compra da brasileira Chocolates Garoto, anunciada duas décadas atrás, abrindo caminho para fim de processos do grupo suíço que teve a transação barrada inicialmente pelo órgão de defesa da concorrência em 2004.
A Nestlé anunciou a compra da Garoto em fevereiro de 2002, em negócio, na ocasião, de cerca de R$ 566 milhões que combinava a segunda e a terceira maiores fabricantes de chocolate do Brasil.
O Cade bloqueou a operação em fevereiro de 2004, por cinco votos a um, e demandou a venda da Garoto pela Nestlé a um rival menor. A Nestlé, então, entrou na Justiça com um pedido de revisão judicial da decisão, iniciando uma disputa nas cortes que não foi finalizada até os dias atuais.
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Um dos dados utilizados pelo Cade na época, e que ajudou a basear a decisão, era a participação de mercado das companhias em diversos segmentos.
No segmento de chocolates sobre todas as formas, por exemplo, a Nestlé tinha 30,8% e a Garoto 24,4%, conforme levantamento da ACNielsen citado em nota técnica do Cade de março de 2002.
Outros levantamentos foram feitos nos meses seguintes, por consultoria e pelo própria autarquia, com algumas diferenças pontuais.
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A Nestlé afirmou em documento de janeiro deste ano, que consta nos autos do processo, que enquanto há 20 anos a participação das duas empresas conjuntamente nesse segmento era de 50% a 60%, atualmente Garoto e Nestlé teriam entre 30% e 40%.
A companhia argumentou que há “a presença altamente competitiva de grupos nacionais e internacionais”, como Ferrero e Hershey’s, entre outros, “afora o exponencial crescimento das chamadas ‘boutiques’”, as quais cita, por exemplo, Cacau Show e Kopenhagen.
O acordo proposto pela Nestlé em março deste ano para encerrar o caso inclui cláusulas sociais e concorrenciais, afirmou o presidente do tribunal do Cade e relator do caso, Alexandre Cordeiro Macedo.
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Os remédios, segundo Macedo, incluem compromisso da Nestlé de manter investimentos na fábrica da Garoto, em Vila Velha (ES), por pelo menos sete anos.
Além disso, a Nestlé se comprometeu a não adquirir ativos que representem 5% do mercado de chocolates por cinco anos, citando ainda que as partes se comprometem a encerrar as discussões na Justiça.
“Vinte anos foram suficientes para reconfigurar o panorama de rivalidade no mercado de chocolates”, afirmou Macedo ao proferir seu voto.
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Já o conselheiro Luiz Hoffmann afirmou que “os remédios propostos são suficientes para afastar qualquer preocupação que poderia ocorrer”.