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Cúpula da Amazônia surgiu de uma iniciativa do governo brasileiro e inclui países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Foto Eraldo Peres-AP Photo-picture alliance
Documento assinado pelos líderes dos países amazônicos não inclui desmatamento zero e exclui veto a exploração de combustíveis fósseis, embora crie mecanismos para integração regional e defesa do bioma.
Os líderes dos oito países que participaram da Cúpula da Amazônia não conseguiram chegar a um consenso sobre a exploração de petróleo na região, apesar dos intensos debates nos últimos dias sobre a questão e da forte pressão de setores da sociedade civil.
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O texto final não incluiu uma proposta defendida por algumas das lideranças, que desejavam vetar a exploração dos combustíveis fósseis na Amazônia. O documento menciona apenas o início de um diálogo entre os Estados sobre a sustentabilidade de setores como a mineração e hidrocarbonetos.
A chamada Declaração de Belém, divulgada nesta terça-feira (08/08), ressalta o objetivo comum de evitar o “ponto de não retorno da floresta amazônica”, o que significa limitar o desmatamento em até 20% do bioma, de modo a impedir um processo irreversível de desertificação.
Os países concordaram em criar uma Aliança Amazônica de Combate ao Desmatamento a partir das metas nacionais, com o fortalecimento da aplicação das legislações florestais.
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O documento, no entanto, não menciona metas ou prazos para a conservação florestal. A meta de desmatamento zero, defendida pelo Brasil e pela Colômbia, foi mencionada no preâmbulo da declaração apenas como “um ideal a ser alcançado”.
Petro critica “conflito ético” e manda recado a Lula
Durante a cúpula, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, fez um forte discurso pelo fim da exploração do petróleo na Amazônia e criticou a falta de um consenso em torno de soluções para os problemas ambientais com base na ciência.
O colombiano argumentou que a Declaração de Belém deveria sinalizar com clareza o compromisso dos países de pôr fim à exploração dos combustíveis fósseis no bioma, o que acabou não acontecendo.
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Petro criticou o distanciamento entre a classe política e os movimentos sociais, e disse haver um “enorme conflito ético, sobretudo por forças progressistas, que deveriam estar ao lado da ciência”.
“A direita têm um fácil escape, que é o negacionismo. Negam a ciência. Para os progressistas, é muito difícil. Gera então outro tipo de negacionismo: falar em transições”, criticou Petro. O termo “transição” é utilizado em todo o mundo justificar a continuidade da exploração dos combustíveis fósseis em meio a um processo transicional para investimentos em fontes renováveis de energia.
A fala foi recebida como um recado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após o Brasil não apoiar a inclusão da exigência do fim da exploração de petróleo na Amazônia no texto final da declaração.
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“Os desacordos às vezes nos permitem algumas propostas novas também”, disse Petro. “A política não consegue se descolar dos interesses econômicos que derivam do capital fóssil. Por isso a ciência se desespera, porque ela não está vinculada nesses interesses tanto quanto a política”, observou.
“Cada vez mais o movimento social se junta com a ciência e a política cada vez mais está presa na retórica”. Segundo afirmou, esta seria a razão do fracasso das Conferências do Clima da ONU.
Petro descreveu a exploração de petróleo na Amazônia como um “contrassenso” e pediu que sejam tomadas decisões para pôr fim a essa prática “sem sentido”. “Não vamos colocar na declaração, mas vamos tomar decisões”, destacou.
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Brasil dividido sobre veto ao petróleo
Mais cedo, Lula chegou a falar em uma “transição ecológica”, que disse ser uma oportunidade para a Amazônia deixar de ser fornecedora de matérias-primas para o mundo. Seu governo, porém demonstrou estar dividido sobre a exploração de petróleo no bioma amazônico.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu que a Petrobras possa fazer pesquisas para avaliar a viabilidade de petróleo na foz do rio Amazonas.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, por sua vez, condenou o que chamou de “atitudes erráticas” e disse que zerar o desmatamento não será suficiente para garantir a sobrevivência da Amazônia, mas sim, o fim do uso de combustíveis fósseis.
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A Cúpula da Amazônia surgiu de uma iniciativa do governo brasileiro. O objetivo principal era fortalecer a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), o único mecanismo internacional com sede no Brasil criado para promover desenvolvimento sustentável na região.
Destaques da declaração final
A Declaração de Belém inclui ainda a criação do Centro de Cooperação Policial Internacional, com sede em Manaus, no intuito de viabilizar a integração das polícias dos oito países.
O texto prevê também a criação de um painel técnico científico da Amazônia, nos moldes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), e do Observatório Regional Amazônico, a ser instalado na estrutura da OTCA, para o compartilhamento de informações em tempo real entre os países.
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Os líderes concordaram em estabelecer um Sistema Integrado de Controle de Tráfego Aéreo para o combate ao narcotráfico e outros crimes na região amazônica, além da criação de mecanismos financeiros de fomento do desenvolvimento sustentável, com destaque para a Coalizão Verde, que reúne os bancos de desenvolvimento da região.