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A aprovação do projeto da reforma tributária na madrugada desta sexta-feira (7) foi recebida com otimismo pelo mercado, que avalia um cenário de maior transparência e simplificação na apuração de impostos, redução de contencioso jurídico e aumento da eficiência na alocação de recursos, avaliam especialistas.
Com esses elementos alinhados, Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, enxerga que a proposta pode atrair novo crescimento do investimento estrangeiro no país.
“A não cumulatividade dos impostos e o fim dos inúmeros regimes especiais em diferentes legislações vai ser significar um enorme avanço para o sistema, aumentando a formalização e possivelmente acelerando a implementação do novo IVA”, diz Vitória.
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A economista também destaca que o projeto traz avanço na complexa questão da legislação do PIS/Cofins e, principalmente, do ICMS. “Apesar das concessões, como zerar os impostos na cesta básica e a manutenção do Simples, a reforma será muito positiva para o país”, acredita.
Para o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, a provação da reforma tributária na Câmara dos Deputados “é uma boa notícia para todos os brasileiros” por simplificar e desburocratizar para quem contribui, ao mesmo tempo em que mantém a carga tributária.
“O sistema perde complexidade e ganha em eficiência e transparência”, afirma, pontuando que antes as empresas “gastavam um tempo precioso apenas para seguir corretamente os regulamentos para pagar os tributos existentes hoje”. Isso, segundo ele, além de oneroso, gerava insegurança jurídica.
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“A reforma tributária representa ainda a perspectiva de que o Brasil pode superar o grande desafio de crescimento de longo prazo, sustentável e robusto.”
Trabuco aponta ainda que o próximo passo é consolidar uma melhora sistemática do ambiente de negócios no Brasil. “Paradoxalmente, esse é um tema muito discutido, mas ao mesmo tempo bastante negligenciado na prática. O Brasil precisa que o tema, alinhado a um programa objetivo de aumento da competitividade e produtividade, seja o centro das atenções do Executivo e do Legislativo. Senso de urgência seria a palavra de ordem”, diz.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, reforça a avaliação positiva da aprovação do projeto. “Estamos desenhando um cenário muito mais positivo no segundo semestre para a locação de recursos no Brasil”.
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Além disso, Gustavo destaca que o Brasil seguiu modelos que já são bem sucedidos no mundo inteiro. “A simplificação de pagamentos de impostos vai tornar o ambiente de negócios mais favorável, resolvendo um dos grandes empecilhos para o crescimento de longo prazo do Brasil”, explica.
Entraves
Mas, ainda que a perspectiva do mercado seja favorável, também paira a ideia de que “ainda tem muito a ser feito”, diz Natale Papa, economista e professor da Escola Start. “Grandes desafios ainda precisam ser superados. “Espera-se que o arcabouço dessa reforma cresça, para que ele gere mais receita, uma desoneração pelo lado burocrático sem comprometer a arrecadação do governo”, explica.
Em nota, a XP Investimentos também ressaltou que ainda há incertezas em torno da tramitação do texto no Senado e com o período de transição de dois sistemas tributários concorrentes.
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A reforma
A proposta da reforma tributária foi votada em primeiro e segundo turno na Câmara dos Deputados na véspera e segue para a aprovação do Senado.
O texto da reforma tributária foi aprovado em definitivo pela Câmara dos Deputados no início da madrugada desta sexta-feira (7).
A votação do segundo turno foi chancelada com 375 votos favoráveis e 113 contrários.
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Ao todo, foram votados sete destaques no primeiro turno e apenas um no segundo turno – todos rejeitados. Votação volta ainda nesta sexta-feira.
O texto-base já havia sido aprovado em primeiro turno com 382 votos a favor, 118 contra e 3 abstenções.
Após aprovação em primeiro turno, os parlamentares chancelaram a inclusão da emenda aglutinativa — que integra ao texto outras emendas —, proposta pelo relator Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
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O texto é um substitutivo às Pecs 45 e 110, que tramitaram no Congresso e foram alvo de discussões no Grupo de Trabalho (GT) da Reforma Tributária da Câmara.
A implementação de um IVA dual — ou seja, dividido entre dois impostos, um nacional (CBS) e outro subnacional (IBS) — que substitua cinco tributos hoje existentes (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) é a espinha dorsal da proposta.
Especialistas estimam que este novo tributo unificado deve ser de 25%, mas a alíquota não está definida e será regulamentada após estudos da Receita Federal. A cifra deverá ser suficiente para manter a arrecadação com proporção do PIB atual.
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A matéria que alguns setores, produtos e serviços terão alíquota diferencial, que vai equivaler a 50% da tarifa “cheia” do IVA.
O texto ainda abre espaço para que, a partir de lei complementar, haja isenção de impostos para serviços de educação do Programa Universidade para Todos (Prouni) e serviços beneficiados pelo Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).
O novo projeto detalha duas regras de transição para a passagem do sistema tributário atual para o novo. Tanto o novo imposto federal (CBS) quanto o estadual/municipal (IBS) já terão alíquota a partir de 2026.
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A transição completa, com substituição dos tributos atuais pelo IVA dual, acontecer em 8 anos, entre 2026 e 2032. Neste período, será testada a alíquota necessária para o CBS e IBS necessária para manter a atual carga tributária.
Já em relação à transição da cobrança do imposto da origem para o destino, será escalonada ao longo de 50 anos, entre 2029 e 2078.