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A desvalorização das commodities está sendo o principal motivo para o pé no freio dos produtores em Mato Grosso na comercialização da safra 2022/23 e da temporada 2023/24. Somente no milho, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), deve ser registrada no atual ciclo uma queda de receita de aproximadamente R$ 3 mil por hectare.
Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), até maio 72,09% da soja produzida na safra 2022/23 havia sido comercializada. No milho o percentual de venda antecipada chega a 44,61%. A menor evolução dos últimos cinco anos.
Ao se analisar as negociações antecipadas da safra 2023/24, que se inicia em julho, o resultado não é diferente. As vendas do milho futuro no estado chegaram a 3,71% da produção prevista em maio, enquanto na soja em 12,09%.
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Presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore pontua que é preciso muita cautela no momento, até porque “não se pode comercializar uma safra se você não sabe se vai ter ou não”.
“Tivemos o ano passado muitos casos de washout, porque o produtor vendeu sem saber se ia produzir. Então, o produtor se pegou nessa linha temporal e entrou menos no mercado”, diz Cadore.
De acordo com o produtor rural Carlos Alberto Simon, o cenário visto hoje surpreendeu o setor produtivo. Ele pontua que se esperava valorização menor da soja no segundo semestre em função da entrada da safra dos Estados Unidos.
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“Mas, não essa derrocada de preço, que de uma hora para a outra acabou que não tem mais demanda. Aí essa avalanche de corridas e efeito manada dos fundos caindo, as bolsas. O milho da mesma forma em reais. Essa desvalorização acabou comprometendo o negócio do produtor”.
Falta de armazéns piora situação
Conforme o presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore, a falta de armazenagem em Mato Grosso e no Brasil piora ainda mais a situação.
“Quando a gente pega e faz uma conta simples, considerando a média de Mato Grosso do ano passado com o preço de venda desse ano, saem do mercado R$ 3 mil por hectare só no milho. Esse dinheiro não sai do bolso do produtor. Esse dinheiro sai do comércio, do estado. Então, invariavelmente quando a agricultura, a pecuária, a agropecuária entram em crise num estado que é essencialmente produtor, num país que a base da economia é agropecuária, toda a população está envolvida de maneira direta em tudo isso”.
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Cadore pontua ainda que “é hora de parar de brincar e olhar o armazenamento do Brasil como um problema de soberania nacional”.
Ainda segundo Cadore, outro fator que que preocupa neste momento é o desequilíbrio entre o preço disponível e o que foi vendido antecipadamente.
“A gente tem ouvido relatos de empresas que compraram milho a R$ 70 desmanchando contrato a bel prazer. Então, é hora de olhar para esses fatores que trazer os efeitos da crise e tentar que eles não causem tanto impacto nas próximas crises. Agora é o momento de parar, frear e olhar para a viabilidade. Otimizar aonde der, usar menos fertilizante, deixar de investir em investimentos de longo prazo”.