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O corte de 4,6% no preço do litro da gasolina nas refinarias, anunciado hoje pela Petrobras, deve ajudar a puxar para baixo a inflação nos meses de junho e de julho; mas terá pouco ou nenhum impacto no resultado da inflação anual, segundo o economista André Braz, responsável pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
Braz detalhou que o corte no preço da gasolina nas refinarias deve levar a uma redução de 1,5% no litro da gasolina nas bombas. Ele lembrou que a gasolina compromete cerca de 5% do total do orçamento familiar mensal do brasileiro. Assim, levando em conta o peso da gasolina na cesta de consumo, bem como a magnitude da redução do combustível, isso na prática, deve levar a uma diminuição de 0,08 ponto percentual (p.p.) no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em suas taxas de junho e de julho. O indicador, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representa a taxa oficial de inflação do país.
O técnico explica que o impacto do combustível mais barato será sentido pela taxa inflacionária em dois meses diferentes devido ao dia do anúncio feito pela Petrobras. “Como estamos em 15 de junho, isso não vai impactar o IPCA-15 por exemplo”, afirmou ele, citando a prévia do IPCA que tem coleta de preços até o dia 15 de cada mês de referência.
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Portanto, continuou ele, a influência será dividida entre as taxas de inflação dos meses de junho e de julho, sendo 0,04 p.p. de impacto de redução no IPCA desse mês; e de 0,04 p.p. a menos, na taxa do próximo mês.
Mas o técnico não acredita que o corte no preço da gasolina, anunciado hoje pela Petrobras, vá impactar o resultado do IPCA anual de 2023. Ele lembrou que, no dia 1º de julho está prevista a volta integral da cobrança de impostos federais (PIS/Cofins e Cide) sobre gasolina e o etanol. Essa cobrança foi zerada no período eleitoral pelo antigo governo, e mantida parcialmente pelo atual governo, até o dia 30 de junho, via medida provisória. O especialista calcula que, com efeito dos impostos, isso vai conduzir a um aumento entre 8% e 10% no preço da gasolina nos postos de combustíveis. “Acho que o consumidor nem vai sentir esse corte da gasolina anunciado hoje”, afirmou.
Assim, o técnico manteve previsão do IPCA de 2023 para em torno de 5,3%, na taxa anual. O especialista lembrou que, no começo do ano, era esperado, por ele e pelo mercado, uma taxa maior, em torno de 6% para o resultado da inflação oficial do país em 2023.
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No entanto, resultados recentes de indicadores inflacionários mostram recuos e desacelerações de preços recentes, no varejo, de alimentos, bens duráveis e serviços livres, em uma intensidade mais forte do que o estimado no início desse ano. No entendimento de Braz, o movimento de preços mais baixos nesses três produtos e serviços levou os analistas a reduzirem projeções para IPCA anual – e não os cortes de preço de combustível, assinalou ele.